Não querer é desistir
é não ser nada.
É partir à nascença
a essência de existir.
Não querer é insolver
abismar de disfunção.
É viver a culpa alheia
é ser nada e existir.
Por isso quero
essa dor de impossível
esse mar de Adamastor
esse ardor de querer ser
esse ser de fingidor.
Ter a sede de poema
e ele ser
água e alma no deserto.
Por isso quero!
2 comentários:
José: Adorei estes versos! Em especial a força enorme que transborda no último. Também eu quero querer! Existir, mesmo se doer. "Ter a sede de poema/ e ele ser/ água e alma no deserto." "Por isso quero!" Voltar sempre a este blog e à nossa poesia. Parabéns, eu acho que está lindo!!!
JOSÉ: não é verdade que "querer é poder"?! De facto tb acho que a poesia ( tocando a mui sublime percepção do impossível) é um instrumento de "poder intrínseco", mas tb virado para o exterior, para o nosso semelhante.É a capacidade de se lutar pela Vida, mesmo sabendo que as paixões (as mais diversas) trazem tormentos. Já dizia ou defendia Charles Baudelaire " para suportar o pesado fardo do Tempo, embriaguem-se... de vinho, de POESIA ou de virtudes"! Por isso permita-me dizer, - por sentir que tenho algum dom nestas coisas da sensibilidade e dos sentimentos-, também quero sentir o "poema como água e alma no deserto". Parabéns.
Enviar um comentário