Nas costelas de gaiola aberta bate o som
linear de um discurso de aromas
querendo desmaiar pétalas
conservá-las na impressão de um sonho
suave e bom.
Será suave e bom como perfume de alfazema
numa tarde de rio e de merenda
apesar do frio do musgo de resíduos
quando não há sorrisos.
Uma folha de eucalipto e a baga de botão
cai ao centro circular
de pequenos redondos em crescendo
até à margem
onde teus dedos perdem tamanho
em mergulho de aqueduto
gesto suspenso de águas.
A folha é um barco que passa ao largo
e o discurso continua flor de amêndoa.
Na frase mais quente levantas o cais
de salpicos inundas o meu rosto
gotas doces, mel de duendes
sem os sais dos mares
a saliva das nascentes.
Primeiro sinal a reticência
nos teus olhos de searas
fenos os cabelos e a cena
dos meus negros.
Verdes os poemas de alfazema
as rimas dispersas de brisas
cor do mato e névoas finas.
Não dizes que sim voltas ao cais
aos medos, nas dúvidas dos lábios
diminuem os teus dedos.
Volta o discurso de aromas
as gotas do mesmo jeito
volta mais o meu desejo
no mesmo tom
suave e bom.
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