Não devias ter olhado o meu vestido
curto as pernas cruzadas
fruto do acaso e à vontade.
Perdi-me nos teus olhos
antes um segundo
vendo que gostavas.
Não devia ter sorrido ao rubor
do teu sentido, tímido ímpeto
de menino, nesse coro tão
exposto tão despido.
Deu na troca de cadeiras
no mesmo tampo de vidro
nas mãos que a medo se tocaram
e se deram num passeio
à Primavera.
Deu nas flores do jardim junto
ao postigo, nas formigas sacudidas
do vestido, nos torrões de raízes
protegidas, nas cores nos aromas
dos futuros vasos e nos lábios
que de sorrisos foram fartos -
passaram aos actos
moraram ternuras
ombros juntos
no mesmo casaco
braços cinturas.
Não devias ter fugido
na vazia madrugada
só por te queria amigo
deitado no meu sofá
adormecido
no fim do filme mudo
da poesia falada
sossegado
e a meu lado.
Não devias Nâo devias
Maria -
2 comentários:
Muito boa a imagem de um comboio despenteado a dançar no trilho!
José Desculpe, este comentário era para a Elza. A proposito deste texto achei-o realmente Muito Bom - gosto das repetições porque dão força e conotam sinceridade.
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