Só depois desci as escadas, já o verão escorria
pelas paredes e os dias cabiam debaixo do alpendre.
Ninguém me dissera que os incêndios são homens
a arder no interior das suas memórias com as mãos
nas têmporas e demónios à volta da mesa. Ninguém
me falara da roseira que houve no jardim, já a morte
induzia a intempérie contra o meu corpo parado.
Ninguém me explicara que se sobrevive sem útero
na margem dos dias.
José Rui Teixeira
2 comentários:
Ainda bem que voltou para partilhar algo de novo. não conhecia o poema e gostei particularmente de "os incêndios são homens a arder no interior das suas memórias com as mãos nas têmporas e demónios à volta da mesa".
Obrigado.
Auxilia obrigada, é tão belo e tão triste. Pungente. Às vezes fico fascinada como com as palavras que estão à disposição de todos, alguns as dispõem como ninguém!
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