-----------------------------------------------------------Sá de Miranda
Era festa, julgaram
que os balões eram livres
e subiam, não viram,
não viram
que uma corrente quente
descia e cobria,
devagar
murchavam de madrugada,
fim de Abril , já ardiam
e arderam.
que os balões eram livres
e subiam, não viram,
não viram
que uma corrente quente
descia e cobria,
devagar
murchavam de madrugada,
fim de Abril , já ardiam
e arderam.
5 comentários:
Desculpem o atraso a letra que resolveu ser teimosa (e o atraso, uma semana impossível).
Joana, Gostei muito do teu poema.
Acho que os poemas curtos comportam um risco maior, talvez porque concentram em uma ou duas ideias ligadas toda a força do poema. Mas quando é bem conseguidos, como o teu, o belo passa a incorporar uma imagem nítida.
De resto nem posso comentar os versos para não carregá-los, prefiro ler outra vez o poema.
E entendo bem a teimosia das letras que não chegam. Vivo isso mas não lhe dou importancia, eu sei que a poesia é uma senhora de muitos caprichos e às vezes caímos na tentação desajeitada de imitá-la até nos seus amuos. Poderá haver um silêncio trapalhão?
Joana, mais uma vez gostei mesmo muito do teu poema. Entendi-o como uma alusão à fragilidade da liberdade. Ter a liberdade como garantida pode ser pernicioso. O 25 de Abril é uma data tão presente (mesmo para quem não a viveu) que a liberdade às vezes é assumida como uma garantia que ninguém se esforça por assegurar. Mas às vezes é no descuido descansado dos olhos que as garantias ardem.
Conceptualmente acho fabulosa a ideia do balão de papel de uma festa. Em relação à forma, gosto muito da utilização verbal. Dá uma grande fluidez e movimento, para além de permitir usar uma certa ironia entre o acto "não viram" e a consequência "arderam". Muitos parabéns
Cito-vos. Primeiro, o António: "Acho que os poemas curtos comportam um risco maior, talvez porque concentram em uma ou duas ideias ligadas toda a força do poema." Excelente comentário sobre a parte formal. Depois, a Marlene: "Entendi-o como uma alusão à fragilidade da liberdade." Muito bem -- sobre o sentido do poema. O meu: gostei imenso, Joana. Muito bem conseguido. Sugestão: um travessãozinho
"já ardiam
- e arderam"
Joana neste poema não consigo descolar a presença desencantada da Maria Teresa Horta quando lhe censuraram a liberdade muito depois dessa revolução de cravos.
Gostei do poema e concordo com o travessão da Ana Luísa.
Parabéns e até 2ª.
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