à Joana, um pedido de desculpa por usar a mesma estrutura visual que usaste no teu poema. mas como o meu é uma espécie de diálogo, não encontrei outra forma de separar as duas vozes.
quanto ao poema, ainda não é escultura, mas cá fica.
outra coisa, eu juro que tentei meter a nossa epígrafe no canto direito. mas ela recusa-se! então, se alguém souber como o fazer que esteja a vontade para entrar nesta mensagem e metê-la no seu devido lugar.
poema a duas vozes
quanto ao poema, ainda não é escultura, mas cá fica.
outra coisa, eu juro que tentei meter a nossa epígrafe no canto direito. mas ela recusa-se! então, se alguém souber como o fazer que esteja a vontade para entrar nesta mensagem e metê-la no seu devido lugar.
poema a duas vozes
O que há num nome?
W. Shakespeare
Amei-te no momento em que te concebo.
Olhei o mistério da vida
com mãos trémulas sobre o ventre
e um sorriso nosso, sem medo.
__________________Não concebo a vida sem ti.
__________________O que seria do sol sem o teu riso de terra?
__________________E da casa sem a tua alegre ternura?
__________________E da noite sem a tua mão segura?
Intimamente, sempre soube o teu nome.
Só não era feito de sons ou de letras
mas de leves movimentos na barriga
e de músicas que te cantava em surdina.
__________________Mãe, nome de todas as mães desde sempre
__________________mas que só teu é verdadeiramente.
__________________Só em ti a doce palavra
__________________é olhos de mel, figos no cabelo,
__________________tardes de trigo, noites em novelo.
__________________Só em ti é inteira.
Não sabia amar antes de te saber.
Por ti saltei muros, invadi rios,
rompi montanhas, sangrei abismos.
Por ti sou capaz de Viver.
__________________És o primeiro amor da vida
__________________passagem do escuro
__________________para a própria vida
__________________amor que se multiplica em vida.
Espero de olhos em ti, menina
que um dia embales o que agora tens nos lábios
que te desdobres e multipliques em mão e filha
que de ti se deslumbre o infinito.
__________________E assim não morra o amor em mim
__________________mas continue a existir em nós e no futuro
__________________que estes nomes sejam fruto maduro
__________________da árvore do nosso jardim.
5 comentários:
Sequência bonita, ternurenta, à volta dos nomes de mãe e filha e de um sentir tão profundo que começa no fundo da barriga!
Parabéns!
Muito, muito, muito bonito. Parabéns, R
Que deliciosa troca de nomes. Tão triste, não sei porquê. Muito bonito.
E se o Shakespeare insiste em estar encostado à esquerda, deixa-o:) Eu estou arrependida pela imposição.
Gostei bastante do poema. Acho a ideia do diálogo entre mãe e filha muito boa! Há um poema de William Blake muito bonito, que se chama "Infant Joy". Amanhã levo, junto com "Infant Sorrow"...
Bonito entrelaçar de vozes de mãe e filha, dois "nomes" onde está contida tanta coisa. Cesário Verde aconselhava um amigo numa carta: "Sê sempre o mesmo para tua mãe. É a pessoa que mais te ama." E não é, tantas vezes, quase todas, verdade?
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