quarta-feira, 12 de novembro de 2008

um outro olhar...(3)

“estou triste…”

estou triste, sem saber o que fazer, nem para onde ir

estou triste, apenas isso


umas vezes gosto de mim e adoro o que faço

outras, nem por isso… e fico assim, triste

cabeça baixa, olhos no chão, querendo apenas desaparecer

ficar sozinho… calado… isolado do mundo que faz barulho demais


nstes momentos, apetece-me parar o tempo, desligar o botão e hibernar

meter-me numa campânula de vidro à prova de tudo

ou, se calhar, à prova de nada

por que o tempo não pára, o barulho lá fora é cada vez mais intenso

e não consigo ficar a ver tudo a acontecer


que fazer então?


respirar fundo, levantar a cabeça, olhar para o sol ou para o mar

e fazer como a natureza faz todos os dias

cada dia é um novo dia

poderá ser o primeiro ou o último mas isso não interessa

interessa sim é que é único e que devemos vivê-lo como a natureza faz


como se fosse o primeiro

ou como se fosse o último

2 comentários:

Elza disse...

Nem de propósito li este post com as imagens do filme francês "Paris" bem frescas na minha cabeça. Um conjunto de histórias que se cruzam onde para cada um dos personagens o seu problema é o mais importante do mundo. Como é para todos nós... E, no entanto, através do olhar de alguém que pode ter os dias contados, reaprendemos a aproveitá-los. Um novo olhar nasce em nós. Seize the day! É a mensagem! A do filme, e a do seu poema! Que nos desafia a derrubar a tristeza, ou simplesmente o aborrecimento, com a mesma naturalidade com que o sol sobe todos os dias no firmamento, mesmo que esteja escondido nas nuvens. Concordo, vale a pena tentar! :)

José Almeida da Silva disse...

Uma excelente reflexão poética! Se se comportasse como a Natureza, o Homem seria muito mais feliz, porque podia contemplar o Sol e a Lua e o Mar e julgar-se um entre eles. Então, viveria o dia tão naturalmente que pouco lhe importaria que fosse o primeiro ou o último, pois o importante era vivê-lo, sem quaisquer preocupações. Alberto Caeiro, o poeta pessoano, teorizou essa filosofia de vida. O seu texto lembrou-mo. Mas, às vezes,Caeiro dava-se conta de que pensava, e sofria...

Obrigado pela partilha generosa da sua busca poética, cada vez mais conseguida. Parabéns.