“estou triste…”
estou triste, sem saber o que fazer, nem para onde ir
estou triste, apenas isso
umas vezes gosto de mim e adoro o que faço
outras, nem por isso… e fico assim, triste
cabeça baixa, olhos no chão, querendo apenas desaparecer
ficar sozinho… calado… isolado do mundo que faz barulho demais
nstes momentos, apetece-me parar o tempo, desligar o botão e hibernar
meter-me numa campânula de vidro à prova de tudo
ou, se calhar, à prova de nada
por que o tempo não pára, o barulho lá fora é cada vez mais intenso
e não consigo ficar a ver tudo a acontecer
que fazer então?
respirar fundo, levantar a cabeça, olhar para o sol ou para o mar
e fazer como a natureza faz todos os dias
cada dia é um novo dia
poderá ser o primeiro ou o último mas isso não interessa
interessa sim é que é único e que devemos vivê-lo como a natureza faz
como se fosse o primeiro
ou como se fosse o último
2 comentários:
Nem de propósito li este post com as imagens do filme francês "Paris" bem frescas na minha cabeça. Um conjunto de histórias que se cruzam onde para cada um dos personagens o seu problema é o mais importante do mundo. Como é para todos nós... E, no entanto, através do olhar de alguém que pode ter os dias contados, reaprendemos a aproveitá-los. Um novo olhar nasce em nós. Seize the day! É a mensagem! A do filme, e a do seu poema! Que nos desafia a derrubar a tristeza, ou simplesmente o aborrecimento, com a mesma naturalidade com que o sol sobe todos os dias no firmamento, mesmo que esteja escondido nas nuvens. Concordo, vale a pena tentar! :)
Uma excelente reflexão poética! Se se comportasse como a Natureza, o Homem seria muito mais feliz, porque podia contemplar o Sol e a Lua e o Mar e julgar-se um entre eles. Então, viveria o dia tão naturalmente que pouco lhe importaria que fosse o primeiro ou o último, pois o importante era vivê-lo, sem quaisquer preocupações. Alberto Caeiro, o poeta pessoano, teorizou essa filosofia de vida. O seu texto lembrou-mo. Mas, às vezes,Caeiro dava-se conta de que pensava, e sofria...
Obrigado pela partilha generosa da sua busca poética, cada vez mais conseguida. Parabéns.
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