sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Os papiros da desordem

Já não há religião,
pirâmides de respeito,
coleiras de princípios;
culpa, castigo!

Já não há divindades,
atrás das nuvens,
anotando os papiros
da desordem!

As ondas algodoadas
da espuma da revolta,
misturam-se na bruma,
revolvem-se,
resolvem-se,
na praia dos botões
da nossa intimidade!

3 comentários:

Nuno Brito disse...

"Já não há divindades,
atrás das nuvens,
anotando os papiros
da desordem!"


extraordinária quadra!

liliana disse...

Gostei muito do poema e do tom de manifesto e inconformismo subjacente.

António Pinto de Oliveira (António Luíz) disse...

Poema raro, inconformista, muito súbtil e bonito. Sem religião e sem divindades ficaríamos todos quase livres,por deixar-mos de ser submissos aos deuses. Para mim que sou agnóstico e ateu assumido, isto seria algo de sublime, e não precisaria de "espuma de revolta", mas sim "espuma de cerveja ou de espumante". Adorei "a praia dos botões / da nossa intimidade". Parabéns. António