A percepção visual do “idiota”, revela uma original similitude entre mar e azeite. Pode abrir caminhos… Se pensar que “azeite” não é só cor, é também estado, lenta fluidez que esperamos que também atinja o tempo que nos resta.
Com Nava, “O mar” parte para o “Universo Sublime”, ou quase, ou talvez nem parta para aí. Se parte, parte com a radicalidade e complexidade de uma violenta beleza. Pede, exige (porque é imperativo) a substituição do mar “por um relâmpago”, rápido fenómeno que surpreende, assusta e deslumbra. Transfigura a quietude do mar em revolto e ensurdecedor clarão. Incrivelmente subtil, grandioso, um só mar, um só relâmpago, lhe basta ao Nava, me basta também a mim! Ao substituir o mar–água pelo relâmpago-nuvem, luz de nuvem de água, a luz pode ser “muito”, criação e destruição, despertar e perda. Talvez nem haja dualidade, sendo a luz transformação.
Gosto do clarão, como gosto da tempestade, mar que é serra, ondas que são montes. Eu não substituiria nada. “O mar”, espelho distorcido do céu carregado, negro, recebe a energia do relâmpago. Ele ofusca meus olhos, arranca meu coração, paralisa minha mente, mas quando recupero o folgo, digo, estou viva!
Nota: Alguém disse, a vida é tão bela que corremos o risco de não ver essa mesma beleza. E uma outra pensa, se não se conhece a escuridão, como poderíamos identificar a luz. Imaginá-la não seria igual, pois não?! Experimente com alguém fechar-se numa sala, correr as persianas até a obscuridade completa, espere alguns segundos, abra muito pouco uma das persianas, pergunte ao outro o que vê, o outro responderá, um raio de sol, pergunte porquê vê a luz, esse outro revelará, porque estava escuro! Simples, não é!
(3ºTrabalho de casa)
Anabela Couto Brasinha
5 comentários:
Belíssima reflexão! Esplêndida
Um simples comentario. Sublime
"Gosto do clarão, como gosto da tempestade, mar que é serra, ondas que são montes.
Eu (também) não substituiria nada.
A vida é tão bela que corremos o risco de não ver essa mesma beleza:
Simples, não é!"
Não podemos correr riscos, temos mesmo que ver a beleza... reciclar a tristeza em momentos bons! A vida é bela!
Gostei muito, Anabela! Texto lindíssimo!
Não é simples escrever assim! São necessárias sensibilidade, reflexão e imaginação! E,delicadeza de estilo!
Maria Celeste.
É assim mesmo Anabela, uma reflexão muito bonita e jeitosa!
Pedro reis
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