os meus gatos não estão aqui
não miam nos meus ouvidos
não me roçam as pernas
e seria impossível
os ruídos do café são uma fronteira intransponível
os meus gatos não estão aqui –
portanto quando o nevoeiro se expande branco
e cobre a rua com mil gotas invisíveis
os meus gatos não estão aqui –
e estão sempre
com o seu pêlo branco, cinzento ou preto
trazendo nesta distância de luz todas as cores dentro –
os meus gatos não estão aqui
não sobem os móveis para atingir a altura das mãos
não se aninham no colo para ronronarem canções
não fecham os olhos nos seus sonhos de prados
nos seus sonhos adormecidos de rodarem os olhos e esticarem
as patas –
os meus gatos não estão aqui
não fazem asneiras para que me lembrem que existem
e que sentem
os afectos das mãos, o aconchego do colo ou a cobertura das
lãs –
e estão sempre
de olhos azuis ou castanhos como lampiões na noite escura
como sombras protectoras, como anjos nas manhãs brancas –
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