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os olhos ardem como fogueiras de verão.
os zumbidos de abelhas nos cantos dos ouvidos são aviões sem aeroporto
são margens sem rio.
a febre é transparente como cristais de chumbo
grávidos de peso e claridade.
onde começa a dança das palavras, onde termina o sonho?
se há génese de um lado do outro é o infinito
será sempre o infinito.
há estrelas por todo o lado. as estrelas são o caminho das febres
são as temperaturas elevadas do corpo, são a fusão do espírito
a sublimação da alma.
onde termina o teu sonho?
nunca
para que seja um lugar de surpresa
para que te atinja e levite
leve como o ar e o éter
leve como o ar e o éter
na face mais lisa dos sentidos –
há um clamor de mar no eco das montanhas
há um clamor de rio no eco das encostas
há um clamor líquido nos remos das barcos
e no bico dos pássaros.
onde termina o teu sonho?
nunca
as estrelas e as abelhas são raízes de zumbidos
são visitas nas portas doces das flores.
onde termina o nosso sonho?
nunca
e o mel da alma é o motivo –
josé ferreira 21 Agosto 2012
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