quarta-feira, 27 de junho de 2012

Do que Nada se Sabe

 






A lua ignora que é tranquila e clara
E não pode sequer saber que é lua;
A areia, que é a areia. Não há uma
Coisa que saiba que sua forma é rara.
As peças de marfim são tão alheias
Ao abstracto xadrez como essa mão
Que as rege. Talvez o destino humano,
Breve alegria e longas odisseias,
Seja instrumento de Outro. Ignoramos;
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
E truncada oração que iniciamos.
Que arco terá então lançado a seta
Que eu sou? Que cume pode ser a meta?

Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda"

3 comentários:

Anabela Couto Brasinha disse...

Olá,

Repito publicação de um poema que José Ferreira nos deixou há algum tempo.
E aproveito para mandar um sorriso a todos, os que por aqui deixam escritos e aos que por aqui passam.

Joana Espain disse...

Eu estava agora a passar por aqui e deixo um sorriso para ti.

josé ferreira disse...

Olá Anabela

publica sempre, sempre que quiseres, também um grande sorriso para ti

abraço grande