domingo, 27 de maio de 2012



de entrada a uma casa pequena ao sol
o estreito movimento de olhos  
o virar da face como remo 
uma casa que é barco por dentro
e arrefece na suspensão de uma festa no cabelo 
sem prestar atenção ao que se acende e se apaga em cada ilha 
ao movimento dos barcos 
quando se despedem dos olhos  
a caminho do espaço comum 
aberto devagar entre as sobrancelhas dos bichos
milímetros paralelos de luz
e cada um para o outro, uma criança -
tem que se falar de luz no sublime cruzar dos olhos dos bichos
não através dos olhos dos mortos nem do alimento do espectro dos livros
sigo com os barcos que fazem desaparecer multidões 
a acenar por dentro dos olhos 
ouve-se um rumor lúcido de um motor suave 
mais ou menos o que há de bom no sol
talvez esteja a chegar
o calor é actualizado a cada instante 
e já não é o calor do sol 
de luz, de avisos
oh meu capitão 
há barcos que vão e vêm vazios

1 comentário:

josé ferreira disse...

Joana, é um poema introspectivo onde os barcos andam por dentro e saem :)