sexta-feira, 2 de março de 2012
quando se sente a lua como um espaço aberto
Zhu Yiyong
quando se sente a lua como um espaço aberto
dentro das costelas flutuantes
sente-se a impropriedade do tempo –
as árvores estão sossegadas no passeio claro da luz de néon
afirmam linhas profundas , perpendiculares e cruzadas
onde se reunem os nossos pensamentos
como uma valsa de fevereiro de um modo diferente
que adia a chegada de um ombro
que adia o desejo de calar o nevoeiro –
o sorriso que guardo e as emoções dos violinos abrem o incêndio.
é seguro que ardo, uma ardência intensa, junto de uma janela muda
junto com os pés congelados
junto com os corpos resguardados –
um homem pensa e uma mulher pensa –
as extremidades de um soalho não são raízes na indisciplina das células
a ciência não explica a química humana quando se desconstrói a matéria
a metafísica envolve-se de uma leveza de vento e rodeia as células pré-rafaelitas
nómadas gigantes de sensibilidades que atravessam as distâncias –
somos seres líquidos e tangíveis num mar de memórias rarefeitas –
os dias são sempre novos e são sempre grandes
um manto de paraíso escreve-se de asas
de olhos nos olhos dos pássaros –
é obrigatório seguir-lhes os passos
quando pisam o ar como se fossem leves as calçadas –
é obrigatório apertar as mãos e alargá-las
respirar o sonho pelo nascer da madrugada –
é obrigatório que sossegues que adormeças os olhos
há uma lua aberta e um quarto de ondas brancas
descansa suavemente
não magoes as raízes dos cabelos e pousa o rosto nas penas da almofada
- a leveza, os pássaros.
perde o peso das realidades, perde as lágrimas
não temas a pulsação vermelha do sangue e do oxigénio
sente os versos e os poemas, são longos como a eternidade –
descansa, os sonhos falam
as palavras vestidas de silêncio são pesadas -
não se sentam nas cadeiras não abrem os braços –
josé ferreira 29 fevereiro 2012
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