Hoje o céu é menos azul perdido em si mesmo
Desponta a manhã enquanto sonhamos inquietos a morte inaudita
O verbo não dito ante a escuridão do breu é um raio de luz
As palavras não cabem na solidão nem a podem nomear
A prosa não consola a agonia da ausência
Hoje não há poemas, antes rochas pétreas entretidas à espera
Há imagens surdas de som neutro que passam em filme mudo
Há pó de solidão nas estradas paradas que desdançam sem fome
Há céu a cobrir o infinito do meu mar
Um céu de nadas, de via láctea e de estrelas
A magia do azul que transforma conteúdo em forma
A tristeza num salpico salgado preso no trabalho raso
Os sapatos que sabem o caminho de cor mas não o percorrem
Só a mente hoje viaja longe num céu menos azul
O corpo sozinho já não é carne, é poeira transparente
É pó de solidão macio e terno, revolto de ausência.
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