quinta-feira, 8 de março de 2012
As três marias - um poema para o dia da mulher
Chiara Rizzolo
Titolo: Virginia
Tecnica: digital art & photography
Dimensione: 50x50 cm
"Era uma Primavera irregular. O tempo em constante mudança punha nuvens azuis e purpúreas a voar sobre a Terra. No interior, agricultores olhavam, apreensivos, para os campos. Em Londres os guarda-chuvas eram abertos e depois fechados por pessoas que olhavam para o céu. Mas em Abril era de esperar um tempo assim."
Virginia Woolf "Os Anos"
1ªMARIA
Jovem Maria
Deslizo ainda junto de ti
encolhida nessa asa
onde a pele morena
de mão maior
me espaça os dedos
em ondas soltas
distendidas
na entrega louca-
Este Sol exterior no brilho ofusca
mas na redoma ainda sinto
o morno sopro de beijos
os sussurros e arrepios
num afagar de pomba
de bico escondido
onde me aninho -
Nesta rua não sou eu...
desprovida de sombras;
sete vezes mais leve
em cada passo levito...
Mas não te vendo
em cada minuto que passa
no desejo, na saudade,
sou a personagem aflita
no filme tremido,
na nitidez certa
de te querer
uma outra vez
à minha espera-
Maria Levita
2ª MARIA
Faz-se tarde Maria
Não gosto do olhar cinzento
quando me abraças ao fim do dia.
Procuro o sorriso distante
de fugidas de jardins
entre frases aos molhos,
gotas de orvalho frescas,
melodias de silêncios
entre copas e arbustos,
às escondidas curiosas
dos chapéus vigilantes -
Soltavas beijos em qualquer hora,
perseguias os aromas,
destruías rotinas no desafio
dos sentidos...
e agora onde páras, onde estás
meu amor das Primaveras-
Quero de novo os papéis queimados
de ornadas fantasias de poemas...
ser a musa, a deusa, a louca...
Onde estás?
Tenho a pressa e o desejo
de amores-perfeitos,
margaridas, dos jacintos
colhidos nos passeios
de Domingos,
entre raios de brilho,
relâmpagos de mar -
Porque não me vens de novo,
vestido de orquídeas, de sapatinhos verdes,
de rosas brancas, vermelhas, laranjas...
(antes que venha a noite),
visitar?
Não te quero assim -
Onde estás?... Onde estás?
Maria da Esperança
3ª MARIA
Memórias de Maria
Fecho o cesto de verga,
o vime da memória da tua ausência.
Não era p'ra ser assim
"Primeiro eu, só depois tu"
Mas dizias, afagando rugas:
"...espero por ti sentado
na manta de lã, quadrados azuis,
xadrez,
num relvado, junto a uma cesta
de flores... lá...
espero por ti
a meu lado..."
Saíste de mim neste mundo
Mas sei onde estás...
no outro lado do berço,
num baloiço, num embalo,
adormecido...
no Paraíso -
Guardo alegrias, consolos,
a companhia nos colos que
partilhámos...
Aqui...ainda és meu...
Ainda estás -
Não choro mais!
Maria do Céu
josé ferreira Outubro de 2008
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