terça-feira, 27 de dezembro de 2011
psicanálise
relâmpagos, relâmpagos,
a luz forte sobre uma torre de paralelepípedos cinzentos –
brilhos de azeviche e micas, águas torrenciais
tudo cai –
acordou órfão num filme mudo de ruídos imaginários.
tornado realidade pela claridade de um sonho.
cindido numa narrativa entrecortada de signos
enquanto um gato brincava com laços de uma prenda
que caiu, estrondosamente,
do alto de um armário -
quando de novo adormeceu
a tempestade pertencia ao domínio do passado, um equívoco,
uma má interpretação de um episódio de infância
que recorrente, tinha uma boca grande, um monte muito alto,
um precipício, o risco imediato
e depois a salvação -
há noites de muitas noites, sem luz alguma, sem nenhuma lua
mas entretanto chega o Sigmund, cofia a barba, une os dedos,
cruza as pernas, e em voz calma
explica tudo -
josé ferreira 26 dezembro 2011
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