sábado, 19 de novembro de 2011
a leveza impenetrável
Michael Garmash
nunca seria capaz de te magoar.
quando quiseres esquecer, corre a cortina,
e elimina a transparência que mostra a lua
e uma fronteira demais à frente -
mas não permaneças no lugar obscuro
( por onde prendes os pés, tão bonitos )
solta a capa vermelha, assume o sumo
e sê como aquelas almas que nos tocam
em todas as horas do dia, uma face imemorial
magnífica, uma frase tão bem escrita
que não se esquece nunca
e sobrevive -
sê essa surpresa que enrubesce os mitos
que não tem lugares, que não se adivinha, uma cantiga
entre rumores de rios, entre subidos montes
desfolhando em pormenores as margaridas
folha a folha, entre brancuras alongadas e únicas,
submetendo o improviso, caindo ao de leve sobre o campo
amarelo, solarengo de destinos -
parece uma vulgaridade
mas as soluções de caminhos difíceis
são por vezes pesadas e tão visíveis
como asas de miligramas
cansadas de serem simples -
sê onde quiseres e em qualquer lugar gravítico e redondo
deste mundo, mas lembra-te
a leveza é impenetrável, só há consciência quando existe -
José Ferreira 19 Novembro 2011
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