quarta-feira, 13 de julho de 2011
XLVVIII
De um filme de Godard
Dois amantes felizes fazem um só pão,
uma só gota de lua sob a erva,
deixam andando duas sombras que se juntam,
deixam um único sol vazio numa cama.
De todas as verdades escolheram o dia:
não se ataram com fios, mas com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A alegria é uma torre transparente.
O ar, o vinho, vão com os dois amantes,
a noite dá-lhe as suas pétalas felizes,
têm direito aos cravos que apareçam.
Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.
Pablo Neruda " Antologia Breve" Dom Quixote 1977
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