São as noções que fazemos um do outro que se despem, nós não. Nós apenas observamos com desespero, poética de espelho e malícia o corpo nu das noções, as suas inúmeras vilosidades e axilas friccionadas. E a forma como elas se confrontam na ofensa que o desejo fixa, na noite do olhar mais árido. Nós somos só os convidados das nossas noções, os escravos vestidos ironicamente de convidados das nossas noções, e por vezes até nem isso, nada mais do que a pretensão opaca da indumentária.
É como que se tivéssemos levado as noções que ambos fazíamos um do outro a uma festa com piscina, troca de casais, alguma esperança de certa forma atlética na sua convicção de derrocada e o rasto de drogas finas e tentaculares. É como Marte, essa nudez aplicada ao outro com uma sede de esboços retrospectivos e escaparates, ponte móvel de si para si, para deixarmos passar o navio
É como que se tivéssemos levado as noções que ambos fazíamos um do outro a uma festa com piscina, troca de casais, alguma esperança de certa forma atlética na sua convicção de derrocada e o rasto de drogas finas e tentaculares. É como Marte, essa nudez aplicada ao outro com uma sede de esboços retrospectivos e escaparates, ponte móvel de si para si, para deixarmos passar o navio
sem sentido
sobre o mar de nada.
2 comentários:
Gostei da imagem de que são as noções, fora de nós, que fazem certas coisas. Mas assustou-me o desespero de nos ver assistir a isso, e ainda mais o vazio sem sentido que afinal foi.
Olá André
Pontes móveis, espelhos, narrativas de narrativas e bichos sozinhos com 'noções que se despem'. Parece-me bem levar as noções dos outros à festa, na mala, passadas a ferro, prontas a ser ponte ou margens entre nós.
Gostei muito.
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