às vezes peço ajuda aos telhados das casas da cidade. estão juntos porque as ruas aqui são estreitas. de umas janelas vê-se para dentro das outras, do outro lado da rua. não se vê bem. só os reflexos distorcidos ou as manchas de humidade. aqui é difícil ver-se uma cara de gente. quando quase se vê, está nua, não traz sorriso. os telhados escorrem-se da chuva uns nos outros e se duas pessoas saíssem às varandas, e estendessem os braços para a frente, conseguiam quase abraçar-se e trocar segredos ao ouvido. nunca aconteceu. eu daqui só vejo telhados. imagino quem neles se abriga e com o que ocupa o tempo. penso nas pessoa que estão sós e tenho pena delas mas não sei quem são nem se existem. eu daqui só vejo telhados.
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raquel patriarca | catorze.abril.doismileonze
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3 comentários:
adorei o blog!
Belíssimos poemas!
bjs.
Raquel, gostei deste olhar debruçado sobre janelas que dão para outras janelas, de telhados que encostam noutros telhados, de águas que se juntam e passam desabrigadas para caírem nas ruas estreitas, nas ruas estreitas onde não há pessoas, todas escondidas, debaixo dos telhados.
Abraço
querido José,
tenho dias em que acredito que és a única pessoa no mundo que me entende... pode ser porque és a única pessoa no mundo que me responde... seja lá pelo que for, é especial. é muito bom. e obrigada.
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