quinta-feira, 14 de abril de 2011

telhados

às vezes peço ajuda aos telhados das casas da cidade. estão juntos porque as ruas aqui são estreitas. de umas janelas vê-se para dentro das outras, do outro lado da rua. não se vê bem. só os reflexos distorcidos ou as manchas de humidade. aqui é difícil ver-se uma cara de gente. quando quase se vê, está nua, não traz sorriso. os telhados escorrem-se da chuva uns nos outros e se duas pessoas saíssem às varandas, e estendessem os braços para a frente, conseguiam quase abraçar-se e trocar segredos ao ouvido. nunca aconteceu. eu daqui só vejo telhados. imagino quem neles se abriga e com o que ocupa o tempo. penso nas pessoa que estão sós e tenho pena delas mas não sei quem são nem se existem. eu daqui só vejo telhados.
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raquel patriarca | catorze.abril.doismileonze
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3 comentários:

NO MUNDO DA LU(A) disse...

adorei o blog!
Belíssimos poemas!
bjs.

josé ferreira disse...

Raquel, gostei deste olhar debruçado sobre janelas que dão para outras janelas, de telhados que encostam noutros telhados, de águas que se juntam e passam desabrigadas para caírem nas ruas estreitas, nas ruas estreitas onde não há pessoas, todas escondidas, debaixo dos telhados.

Abraço

raquel patriarca disse...

querido José,
tenho dias em que acredito que és a única pessoa no mundo que me entende... pode ser porque és a única pessoa no mundo que me responde... seja lá pelo que for, é especial. é muito bom. e obrigada.