sábado, 12 de março de 2011

Palimpsesto



Palimpsesto

-------------------------------------------------2001: Odisseia no Espaço



Ilumina-se o espelho do meu espírito –
Reflecte fantásticos momentos e o meu
Extasiado olhar – ao fundo o mar
Onde bailam paisagens distraídas e eu
Tranquilo e só nas húmidas areias;
Voam gaivotas beijando as águas ávidas
De pão que apazigua a fome
E a aventura –

De súbito as ondas são fogo a deslizar
Em direcção à praia
Deixando para trás as tintas que desmaiam
Amalgamando-se nas águas lá longe na linha
Do horizonte.
Incapaz de me mexer, fico aflito e preso
À beleza aterradora – o medo imobiliza,
Lugar armadilhado –

E fugir não é remédio, movo-me apenas dentro
Da vontade atada, e o fogo cresce e desaparece
O mar – um grito é o bastante para estilhaçar
O espelho –

Do sono criador – soube-o depois – ergue-se
O palimpsesto –


2011.01.13
José Almeida da Silva

2 comentários:

Anabela Couto Brasinha disse...

Olá José Almeida,

E por 3 vezes,
no sonho,
no filme,
no poema,
"ergue-se" a "aventura" e mistério

Fica bem,
Abraço

josé ferreira disse...

José gostei muito do poema e destaco "as tintas que desmaiam amalgamando-se nas águas" e "À beleza aterradora - o medo imobiliza, lugar armadilhado" e ainda a tensão de sonho e mistério que atravessa o poema.