sexta-feira, 18 de março de 2011

poesia e outras surrealidades úteis

o dia em que atingiu a maturidade não tinha nenhum significado especial. era quinta feira e o sol tentava desarrepelar-se das nuvens. a meio caminho de atravessar a estrada, sem os vestígios da epifania ou apoteose que se esperam num momento de absoluta clarividência, descobriu uma verdade fundadora. quando pisou o passeio do outro lado, estava em paz. aceitara sem reserva a natureza desajustada de si próprio e a incapacidade molecular para compreender a aritmética das coisas da vida. aceitara a incoerência como condição essencial de existência e o absurdo de depender a felicidade nos sorrisos alheios, na poesia e noutras surrealidades úteis.
.
raquel patriarca | dezassete.março.doismileonze

1 comentário:

josé ferreira disse...

gostei Raquel, e em especial do início "o dia em que atingiu a maturidade não tinha nenhum significado especial"

Abraço