quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um poema luminoso de Sophia


Marc Chagall

Eras o primeiro dia inteiro e puro
Banhando os horizontes de louvor.

Eras o espírito a falar em cada linha
Eras a madrugada em flor
Entre a brisa marinha.
Eras uma vela bebendo o vento dos espaços
Eras o gesto luminoso de dois braços
Abertos sem limite.
Eras a pureza e a força do mar
Eras o conhecimento pelo amor.

Sonho e presença
de uma vida florindo
Possuída suspensa.

Eras a medida suprema, o cânon eterno
Erguido puro, perfeito e harmonioso
No coração da vida e para além da vida
No coração dos ritmos secretos.

Sophia do Mello Breyner Andresen

1 comentário:

João A. Quadrado disse...

[todas as medidas, supremas, suprema a beleza de quem pega as palavras como se fossem os últimos despojos do mundo]

um imenso abraço,

Leonardo B.