quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
O amor é uma companhia
Guy Bourdin
V
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro
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2 comentários:
José, os seus textos sempre me impressionaram. Este aqui é de uma coisa delicada, de uma coisa com verdade e traços infalíveis. A imagem é posta à mesa, não pode haver outra que tanto dialogue com o poema.
Um abraço!
Carolina, muito obrigado pelo comentário. com a comemoração dos 75 anos sem novos poemas de Fernando Pessoa, tenho publicado alguns que são menos conhecidos e divulgados. Este que aqui coloquei também me tocou de forma particular e fico muito feliz que tenha gostado da forma como o ilustrei.continuo também um fiel seguidor do seu espaço de poesia que muito admiro.
Abraço
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