que possa ser tomada como
medida de tempo –
uma vida, uma soluço, tanto faz –
abandonei-me das dúvidas e acreditei
acreditei nos milagres, nas mentiras, na possibilidade
de todos os impossíveis e de todos os infinitos.
acreditei por vontade de esperança.
para fugir ao cinismo e ao tédio. acreditei por desespero
agora sofro as dores de estarem moribundas
as expectativas. sangra-me a vontade
e, em breve, uma lividez inerte limpará os vestígios
de quaisquer boas vontades pensadas ou cometidas
serei incólume.
entregue a nada. crente em nada. pela rendição
aos absurdos, parte integrante de algo indiferente. em
repouso e à espera, sem tecto e sem relento, que
entretanto, o vento
raquel patriarca
nove.novembro.doismiledez
1 comentário:
Raquel um excelente poema, triste, em desalento, profundo desespero varrido pela força do final "sem tecto e sem relento, que/entretanto, o vento".
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