terça-feira, 5 de outubro de 2010

estes troncos cortados de redondo




estes troncos cortados de redondo mostram as veias
a resina sólida e aderente, o diâmetro pronunciado da circunferência.

aproxima-se a intimidade acesa de chamas e brasas
e assim se compreende o corte certo de lenhas
pedaços assim, despidos de ramos, pedaços
de muitas árvores e como se brandidas
de lâminas paralelas, serras afiadas, em blocos
na impossibilidade de refazer a imponência
a grande altura, de copas mais ou menos inclinadas.

não é saudável ver assim os veios dos pinheiros
os veios dos salgueiros, os veios das macieiras
as veias assim secas sobre a lage –

em pedaços as árvores não respiram
formas inertes, sem asas, em geometrias
horizontais, por diâmetros grossos e finos
tristes, ao hibernar sem raízes.

num fim de tarde distante, sobre a serra
o crepúsculo coloca o agasalho
e cobre a manga curta de ideias largas
um azul de ganga coçada, um ténue rosa
sobre nuvens embaraçadas de algumas sombras.

pensa-se como é grande o céu
como é fresco o bosque e afinado o riacho
que canta sobre um pequeno salto de margens
e como assim belas e altas, de grandes almas
se erguem as árvores antes de cortadas.

quando se recua ao tempo sem incêndios nos pinhais
caem sobre os olhos quadros, velocidades rápidas
de fotografias a preto e branco, enchendo os anos
tornando as memórias de uma sobriedade antiga
uma invasão de sensível de boa natureza
e nada desmorona e tantos os encantos –

em pleno campo, longe de um circular cinzento
não se veste o horizonte de ruídos
rodas de borracha, buzinas, rodilhos de gente
e sobre as folhas em turbilhão
falam os pássaros
e os frutos da surpresa dos castanheiros
ouriços, muitos, de verde claro
que chocalham pequenos gumes afiados
e lembram, o regresso tão próximo
à Idade Média das cidades –

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