sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sem outro intuito


De Chirico "Hector e Andromache" 1917

Atirávamos pedras
à água para o silêncio vir à tona.
O mundo, que os sentidos tonificam,
surgia-nos então todo enterrado
na nossa própria carne, envolto
por vezes em ferozes transparências
que as pedras acirravam
sem outro intuito além do de extraírem
às águas o silêncio que as unia.

1 comentário:

André Domingues disse...

José,

Uma peça preciosa e delicada, este poema. Ostinato Rigore.

Um abraço!