sexta-feira, 18 de junho de 2010

Caminhavam de mãos dadas


fotografia retirada da internet


A mesa de pernas de aranha incomodou a leitura.
A ténue realidade de uma luz no dia ainda pouco claro
Encaminhou na mesma página o boomerang de palavras:
Caminhavam de mãos dadas.

Descruzou a perna e colocou na frente um banquinho
Com ar de porco espinho; serviu de almofada a solas gastas.
O focinho apontava no mesmo círculo de palavras:
Caminhavam de mãos dadas.

A mesa de pés de aranha sem teia era infeliz.
O porco espinho na impossibilidade de se enroscar
Fincava uns olhos horizontais e apontava o nariz.
O sofá como colchão de água, balouçava e enredava
o eco largo de voz cava:
Caminhavam de mãos dadas.

O livro súbito fechou na mesma frase.
Súbito conversou com o tapete magoado
De risca verde alface no abismo do sofá.

Uma espiral nos olhos negros insistia
Rodava, rodava, nos olhos fechados:
Caminhavam de mãos dadas -

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