há bichos na rua
de pulsar azul
o pulso
entra pelos olhos
e pendura-os pela nuca
concentrados
pousam o centro no chão
e contam pedras
com os dedos dos pés
em cuidada vertical
pilhas de pedras
por baixo dos dedos
para aliviar a nuca
sopram canudos de pulsos
quase oblíquos
com canetas demasiado estreitas
não chegam
não sabem do pulsar
mas há entre eles
um liquido azul
muito próximo ao pulsar
que adivinham pelos ouvidos
o liquido é horizontal
e quando os enrola por dentro
entre pulsos e pedras
há bichos a dançar
3 comentários:
Joana muito original. o "estado líquido do som" entra pela nuca e sente os pés no chão "um líquido azul/ muito próximo ao pulsar" e há "bichos a dançar". gostei muito.
fico sempre um bocadinho baralhada com os teus poemas, Joana, e este é um excelente exemplo... é bonito e ritmado e visual e encantado. mas há sempre um pedaço mais.
um significado. uma comparação. um trocadilho. não queria usar o lugar comum das camadas da cebola mas é mais ou menos isso.
é como se a tua poesia tivesse uma semente de filosofia. gosto muito.
r.
olá
há bichos
de pulsar azul
há bichos a dançar
joana
seria por causa da música?
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