sábado, 12 de dezembro de 2009
Em Copenhaga
Paul Klee "Quadro de cidade com pormenores vermelhos e verdes" 1921
“ Em Copenhaga...” - o cabelo louro.
as frases de ritmo lento.
aqui e ali a palavra inglesa:
“How do you say?...” o pequeno lapso
o espaço de uma recordação -
o olhar brilhante.
Quando se descobriam horizontes
sem GPS, a esperança do monóculo
que descia a lente redonda
o mais próximo diâmetro
na procura, na descoberta : “Eureka!”
(“...já vejo terras de Espanha ...”areias da Dinamarca).
“Em Copenhaga...” - o olhar brilhante
o cabelo louro e uma mesa metálica
desengonçada, na perna mais curta , torta
o tampo raso, ralo onde sobrevive o copo
o álcool, o malte e o sotaque.
“ Em Copenhaga...” - o rosto em fios
uma cortina e o pára-brisas
as mãos, gestos na face afirmativa
inquieta, insilente, incisiva na defesa
de súbitas e ambientes melhorias.
“Em Copenhaga...” - muita polícia
a insanidade climática e fria
de quem decide sem pertença
uma outra cor, a impossível
se vazia e branca a cor do colarinho
se mais escura a cor verde
no balanço medido de um tempo
de dióxidos, oxigénios e carbonos
que viajam de Concorde
entre Amazónia e Nova Iorque;
“Quem me dera uma ilha e uma horta”
“Em Copenhaga...” - incipiente e sem saída.
Não há memória de Quioto.
Sólida só a ausência pura do ar
e a esperança de um olhar brilhante
de um cabelo de ouro
que recomeça a história:
“Em Copenhaga...”
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1 comentário:
José, adorei. A ironia, a ciência posta a ridículo:) do monóculo ao GPS, a palavra Inglesa lá no meio, o cabelo louro a decidir sob a mesa com uma perna mais curta, o colarinho branco a viajar de Concorde para discutir os carbonos, e a falta de um cabelo de ouro (o ou sem ouro que nos falta). Gostei tanto, está muito rico o poema José, cheio de ouro...
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