domingo, 29 de novembro de 2009
Saudade
Edgar Degas "Retrato de M. Duranty" 1879
Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
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2 comentários:
fantástico este poema de Neruda. Sem querer decerto, é uma homenagem à língua portuguesa, ao Eça e à saudade.
Também achei e foi uma surpresa ver o nome de Eça num poema de Neruda. Obrigado pela visita, pelo comentário e por seguir o blog.
Abraço
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