sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Disinspiração constipação

Musa inspira-me
Está ali a máscara de oxigénio
A droga ao lado
Injecta-me com a caneta bico de esfera oval
A tinta azul, verde e o tinto

Já me sinto
Melhor

Querida musa
Perdoa as tosses
Agradeço os cuidados

Prepara agora o papel e diz aos poetas
desesperados no passeio do vale:

Sucumbiu a larva na taça de arroz em tempo de
comer a língua para matar a fome e
uma dor de estômago a pico de cacto na
barriga descalça subiu
cozida a vapor

Digo aos poetas no passeio de pedra sentados ou aos que se passeiam?

Sei lá Musa, na verdade estou hoje tão desinspirado como constipado.
Que se plagiem uns aos outros, como eu os plagiei!

Ana Janeiro

2 comentários:

josé ferreira disse...

Ana mais um poema rico de imagens e essencialmente irónico. está assinado e não há dúvida que é teu. Não sei se a Musa ficou contagiada e talvez até constipada, mas inspiração não te falta.Abraço.

Joana Espain disse...

Gostei mesmo muito, o discurso directo com a musa (particularmente as dúvidas da musa), a veia (de inspiração) de ressaca... e, por exemplo, 'uma dor de estômago a pico de cato/barriga descalça subiu/cozida a vapor' é muito sensitivo..até me magoei. Beijinhos.