terça-feira, 22 de setembro de 2009

Na penumbra descosida a claridade


António Gil fotografia 2008

a impressão esbatida num lenço de seda
colocado de modo pouco usual.
a imprecisão de um rosto oval
na penumbra de uma porta entreaberta -
a primeira palavra...
o olhar vertical no corpo magro
como vara de canas junto ao rio
entre olhares finos de junquilhos
e os saltos de gotas de orvalho
nos mergulhos mais pintalgados de rãs.
Sentir os pés molhados no meio do quarto
na longitude de tábuas como charcos movediços
pelo facto de não ser mais a sombra,
a escondida sombra no centro da lua
ao abrigo difuso de uma luz incompleta
que apenas denota a forma, a mão estendida
o brilho próximo da pupila indisfarçada.
a pestana muda
ao desvendar do segredo tímido e inclinado
do teu rosto, dos teus olhos, dos teus lábios
na penumbra descosida a claridade -
a voz húmida de uma segunda palavra...

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