sábado, 8 de agosto de 2009

Amo-te no intenso tráfego


Salvador Dali "Leda atómica" 1949

Amo-te no intenso tráfego
Com toda a poluição no sangue.
Exponho-te a vontade
O lugar que só respira na tua boca
Ó verbo que amo como a pronúncia
Da mãe, do amigo, do poema
Em pensamento.
Com todas as ideias da minha cabeça ponho-me no silêncio
Dos teus lábios.
Molda-me a partir do céu da tua boca
Porque pressinto que posso ouvir-te
No firmamento.

Daniel Faria, in "Dos Líquidos"

2 comentários:

Liliana Gonçalves disse...

gosto do trabalho de Dali, este aqui exposto, ainda não conhecia.

bom fim de semana

António Pinto de Oliveira (António Luíz) disse...

É sempre possivel amar um (a)semelhante ou "o que quer que seja digno e dignifique tal sentimento" independentemente da calma ou do caos ambiental. A paixão é talvez o motor mais dinâmico que nos move e conduz às ambições mais longínquas ou mesmo impossíveis. Poema curto mas tão belo. Obrigado Daniel Faria, e tb ao José pelas duas amostragens ( pintura e poema).