quarta-feira, 1 de julho de 2009

O romper da névoa na noite pálida

Só por acaso na noite pálida
se desvela a forma plácida
de um coreto no jardim.

Só por acaso a necessidade
de um fumo que se evola
em consumos de cinza
conduz os passos
ao ímpeto surdo
de uma orquestra voando
em círculos límpidos.

Só por acaso ao longe
a proximidade humana
de um vazio no escuro
a batida fora de horas
um jogging de cadências
os ritmos e a batuta.

O filtro assomava
o fastio de um fim
o cigarro;
dissonante melodia.

Não foi só por acaso
o breve lamento da brasa
na bica líquida;
último assobio.
Mais perto a batida
a consulta de uma bracelete
onde fugia o tempo
biorritmo presto da corrida.

Passou ofegante a figura feminina
e no mesmo instante o silêncio
nas grades verdes em seta
sem maestro sem orquestra.
No olhar neutro das estrelas
a luz dissonante de paletas
a impossibilidade dos poemas.

Só por acaso o brilho purpurina
a pulseira caída junto à fonte
numa bolsa de tecido andino
cores púrpura, azul e rouge
de uma queda amortecida.

No espelho de água risco o burburinho
o ritmo cardíaco, a batida,o dia seguinte
o romper da névoa na noite pálida
o coreto adormecido.

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