quarta-feira, 29 de julho de 2009
Não há pressas
Matisse "A janela" 1916
outra vez Domingo
mas ouve, ouve o que te digo:
não cries amarras no passado
nem sinetes malos de futuros
são como âncoras, levam ao fundo.
saboreia o lado das nascentes
e desce, desce essa encosta
em cada salto do tempo
como quem lavra um campo
na nova maneira antiga;
gotas de suor, botas de sebo
a sombra de um chapéu de abas largas.
e lança, lança a boa semente
no rasgo em linha do arado
uma agora, uma outra à frente.
mas sê atenta, há sempre ervas daninhas
que julgam ser redes de aço, adagas de
peixes vermelhos que nos fecham de buracos
túmulos de onde não há saída...não acredites.
procura o sol, os dias longos do mar
e sente...sente...nunca por nunca penses
que não encontras o cais; porto de abrigo.
escuta...escuta... no fundo do teu olhar
verde e fugidio,sem perguntas nem castigo:
shh...shh...shh...shh...
bem o sabes...não duvides
e sendo assim...ilumina os meus lábios
sem as vestes de domingo...
e se não queres, não há pressas, espero.
mas ouve, ouve apenas o que te digo
nem que seja como amigo.
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