Surge sem defesa a tontura do lado detrás da nuca
a impressão de um olhar cravado que nada mostra
esconde, não desvenda, um lugar de outros
que não se conhecem, sombras de outras histórias
na ansiosa existência indefinida de diversos sentidos
os recém-nascidos, os do meio, os mais antigos.
Por vezes a tontura surge como eixo de um globo
corte certeiro de Equador nas florestas tropicais
chuvas caudalosas, calores infinitos, Amazónias
de paisagens magníficas, arábicos ventos desertos
de passos lentos que conduzem à vida dos Nilos.
Não pára esse olhar intenso do lado detrás da nuca
como uma queimadura no dia frio; um pêndulo largo
contando os segundos, alinhando os ponteiros
no som das aves.
Construo paredes, ergo castelos de pedras pequenas.
Os quadros nas paredes não são meros adereços
inertes, sem vida. Os quadros são significantes
insubmisssos, soldados de futuro, células vivas.
Ruas pequenas, muitas esquinas
na reinvenção de um novo ser,
uma planta de uma nova fotossíntese,
seiva líquida de cor rubra, vertigem
nesse olhar de traves grossas
por trás da nuca...
e a tontura do vapor
de uma veloz locomotiva...
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