Está vivo e dele se espera algo mais
ímpar sem alinhos de prumo
ímpeto de touro embravecido
nas escritas fortes em caligrafia
caudalosa de gritos e arrepios
vivo até ao último dia
sem medo da cicatriz diagonal
do esquerdo lugar da frente
ao sinal mais longo na virilha
vivo e absoluto em qualquer cruz
como o surdo que compunha sinfonias
como um cego entre as bombas de Hiroshima
como os cascos do cavalo nos infernos de Guernica
vivo e sanguíneo
rasgando o ventre dos bosques
as raízes invasivas de rotinas
vivo e resistente
nas tempestades brutas
nas marés vivas das razias
vivo e revolto
como a raiva das águas
que destrói as rochas teimosas
altivas duras
na força de espumas brancas
às ínfimas partículas
areias miméticas de vazios
vivo e dele se espera algo mais
os espirros a gripe
o catarro
a doença benigna
a pandemia das ideias
nos mastros contemplativos.
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