Nos dias de Março, fim de Fevereiro
apara-se os cabelos das árvores:
mais de lado, mais ao alto
conforme o penteado;
menos copa, menos ramos
um molho bem atado.
Nos dias da Baixa à Biblioteca
duas janelas no segundo andar
os ramos finos qual vidro partido
gretavam o ar nos olhos miúdos
- alguém pequeno que observa
e risca folhas soltas de papel
matrículas velozes de marcas
antigas: Simca, Taunus, Capri.
Onde estão as notações, os registos
as surpresas dos repetidos
nas colecções sem caras
(números letras suspensas
de placas cor de xisto)?
Perderam-se nos recantos
casa dos pais altas janelas.
Nos dias dos caçadores de ninhos
(descobertos nos vazios)
muitos homens de serrotes ruídos
despiam árvores já despidas
na espera dos dias primos;
previsto despontar de brilhos
verdes.
Homens em cordas grossas de sisal
(balancé de pé fincado nas dobras dos braços
transformados em aparas de lâmina faminta)
desnorteando os nós em migalhas de fibras
ramos em queda;
círculos divididos céu terra.
Nos dias da estética antes da Primavera
surgia mais branco o horizonte na janela
(cortes duros excessivos sem queixume
àrvores grandes nos troncos mudos).
Nesses dias esperava o pôr-do-sol
a despedida
na parte perdida dos ramos
e não anotava matrículas.
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