quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ambos nos olhares

Quero-te de olhares noutro sentido
aberta aos sons que o vento traz
descruzando a lira de mensagem
que sendo minha no silêncio
da tua como onda se desfaz

em chuva persistente de morrinha
gotas de discurso tão fugaz
como ruído de granizo impertinente
sem frases belas palavras ternas;
folhas e maçãs de um Paraíso.

Quebrem-se os arames
as pelúcias dos ditames
e frente a frente ao som das águas
falemos sem qualquer medo
nas mãos das fragas
dos olhares noutro sentido
sem outras mágoas.

Dizem do homem ser mais muralha
preso de nós e de lugares
Dizem da mulher ser mais profundo
o sentir e a chama de acendalha
embora a mesma lógica- o ideal
a metade do divino
o meio caminho
a lima e o mel doce
a flor e o espinho.

Por isso em ti me fundo de liana
em palmas oscilantes de passeio
no teu ombro nada vejo
cego em florestas de cabelo
nas lágrimas mágicas de brilhos
ambos nos olhares
unos sentidos.

1 comentário:

Joana Espain disse...

Gostei muito do poema. Particularmente do meio caminho destes versos:

Dizem do homem ser mais muralha
preso de nós e de lugares
Dizem da mulher ser mais profundo
o sentir e a chama de acendalha
embora a mesma lógica- o ideal
a metade do divino
o meio caminho
a lima e o mel doce
a flor e o espinho.


Parabéns!