“quero acreditar…”
ao contrário do que dizem, eu continuo aqui nesta cruz e daqui nunca saí
todos fugiram,
todos me abandonaram,
todos decidiram ir atrás do meu exemplo
mas deixaram-me aqui sozinho,
tristemente sozinho
dois mil anos passaram, tão pouco para tanta mudança, tanta evolução e descoberta
agora, pergunto eu daqui do meu canto –
o que é que não terá mudado nestes dois mil anos que passaram tão depressa?
mudaram os homens, certamente; mudou o clima, concerteza
mudaram os povos, os países e as línguas; mudou tanta coisa
mas terá mudado o essencial?
com tantos saberes acumulados, com tantas experiências vividas
com tantas inteligências evoluídas
terão acabado as guerras, os ódios e as invejas?
usarão os homens melhor o tempo?
haverá mais felicidade e bem-estar no mundo?
aqui deste meu canto, onde fui deixado por todos, quero acreditar que sim
quero acreditar que não me deixaram aqui sozinho em vão
quero acreditar que a minha vida, e de tantos como eu, valeu a pena
quero acreditar em todos os que continuam a seguir a minha imagem e o meu exemplo
quero acreditar que o mundo não vai voltar a ser um espaço como este em que me encontro
árido, duro, solitário
quero acreditar
2 comentários:
Em tempos escrevi que às vezes “desligo o botão, hiberno e me meto numa campânula de vidro”… foi assim, mais uma vez… e agora não adiantam as desculpas (e a pena) por não ter dito nada durante um mês e por não ter participado naquela sessão e naquele jantar tão especial… esta minha “alma de aprendiz de poeta (?)” é assim, incerta…
Agora, depois desta quadra, tão cheia de rotinas e de sentimentos tão diferentes, lembrei-me deste “quero acreditar”…
Um abraço amigo a todos… tenham um 2009 cheio de coisas boas
Não basta acreditar, é preciso fazer...e já agora, de preferência, sem cruzadas ou inquisições.
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