sábado, 8 de novembro de 2008

Um poema de que gosto

Hoje recolhi numa 1ª edição de 1944 este poema de Miguel Tora que quero partilhar convosco:

VOZ

Era uma voz que doía,
Mas ensinava.
Descobria,
Mal o seu timbre se ouvia
No silêncio que escutava.

Paraísos, não havia.
Purgatórios, não mostrava.
Limbos, sim, é que dizia
Que os sentia,
Pesados de covardia,
Lá na terra onde morava.

E morava neste mundo
Aquela voz.
Morava mesmo no fundo
Dum poço dentro de nós.

Miguel Torga " Libertação "

3 comentários:

gostomuitissimodeti disse...

quase me atrevo a dizer que é uma introspecção.

bonito, obrigada pela partilha

Angeles Sanz disse...

eu gostei muito também.Angeles

José Almeida da Silva disse...

Um belíssimo poema de Miguel Torga!

O texto traz-nos a importância da introspecção para ouvirmos a voz da consciência a conduzir-nos pelos caminhos da justiça e da verdade, como forma de libertação: «E morava neste mundo / Aquela voz. / Morava mesmo no fundo / Dum poço dentro de nós.».

Grato pelo poema de Torga e pela sua primeira edição de 1944.