segunda-feira, 20 de outubro de 2008
A forma do desejo
Olho o teu corpo. Respiro o teu corpo no meu ar. Os meus pulmões inundados de ti. O meu sangue a bombear-me a carne da tua visão. Rompe-me de desejo a pele. A erecção dos meus sentidos no êxtase do teu ombro nu. O decote suave a desenhar-te as curvas onde perco a lucidez. Num misto de hipnose e embriaguez de desejo fecho os olhos. Imagino-te nua em mim. Violo a tua brancura em pensamento. Violo a tua brandura em pensamento. Abraço com força a tua fragilidade. Imponho-te a minha protecção e roubo-te beijos dos teus lábios doces, vermelhos e lisos. Mordo-os. Respiro-te. Penetro o teu templo e resgato-te a mente, a alma e liberdade. Tenho-te por instantes. Possuo-te mesmo que não me olhes do outro lado do café. Possuo-te mesmo sem despires o vestido que te desce do ombro. Peço um café enquanto sais. Magoa-me a erecção nas calças justas. Magoa-me não te ter.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
9 comentários:
Não é um texto é um poema vivo de um homem a arder na fogueira do desejo. Perfeito do princípio ao fim, arrepia de verdade.
Quantos, tantos homens, não permaneceram mais algum tempo sentados, acalmando as brasas acesas por baixo da mesa?
Fantástico Liliana! Parabéns!
"Magoa-me a erecção nas calças justas. Magoa-me não te ter" - Excelente texto!!
"pode um desejo imenso", já dizia Camões. O teu eu lírico experimenta a imensidão do desejo.
Lirismo, simbolismo, realismo quanto basta! Tudo se encontra aqui, neste excelente texto erótico. Quanta sensualidade...Parabéns, Liliana.
gostei sobretudo da ideia de que não é preciso ter o objecto de desejo efectivamente nos braços para o 'ter'...
R
Liliana, achei excelente o seu texto -- que vai além de um exercício sobre uma qualquer estereotipada "fantasia masculina". Parabéns
Liliana, gosto do que escreve. Excelente "fingimento poético" que arrasa com as fronteiras do masculino/feminino!Parabéns
Texto de uma imensa riqueza. E, tal como a Raquel, gostei dessa ideia de poder ter sem tocar, pensar e sentir apenas. A fantasia é, tantas vezes, uma outra realidade, se quisermos.
Liliana,
O seu texto é muito bem conseguido. O olhar foi agudo. A transfiguração excelente.. A psicologia masculina assenta-lhe que nem uma luva! Por instantes, o desejo foi consumado. Pena que as «calças justas» tenham dolorosamente denunciado o lado de dentro do desejo! A falta de lucidez abre sempre janelas de par em par. Por momentos, o olhar é translúcido e mostra a realidade: «Magoa-me não te ter».
Parabéns.
Enviar um comentário