Finalmente, depois de várias e goradíssimas tentativas, lá consegui (graças à ajuda da Teresa) "inscrever-me" no vosso / nosso blogue! Queria dizer a todas e a todos do prazer que foi a primeira sessão, e de ter visto já tantos textos aqui inseridos. Isto é prova de que a poesia está viva, que ela é necessária, preciosa, útil (mesmo, como eu já disse várias vezes, na sua "radical inutilidade" -- e também por isso mesmo).
Numa das famosas cartas de Novas Cartas Portuguesas (1972), da autoria de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, pode ler-se: "Minha irmãs, mas o que pode a literatura? Ou antes: o que podem as palavras?" Nessa interrogação, questionava-se o poder da "poesia", no mais lato sentido do termo. Mas o próprio acto de escrita, o facto de se enunciar a pergunta, desmente essa dúvida. Assim, dúvida e certeza sobre o poder da palavra são gestos vizinhos.
Nessa interrogação falava-se também de como a palavra pode ser, ao mesmo tempo, instrumento de coerção e de liberdade. Poucos anos antes, Adrienne Rich (grande poeta contemporânea estadounidense), num belíssimo poema de 1968, intitulado "Queimar papéis em vez de crianças", escrevia: "a sabedoria do opressor /esta é a linguagem do opressor // e todavia preciso dela para falar contigo". Ciente embora de que "uma língua é" [também] "um mapa dos nossos erros", ela insistia a força da palavra. Como elo de comunicação, simultaneamente forte e frágil .
É muito bom sentir que sentimos esse elo -- todos e todas aqui. Obrigada pelo blogue, pelo empenho. Por vós.
ana luísa
Numa das famosas cartas de Novas Cartas Portuguesas (1972), da autoria de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, pode ler-se: "Minha irmãs, mas o que pode a literatura? Ou antes: o que podem as palavras?" Nessa interrogação, questionava-se o poder da "poesia", no mais lato sentido do termo. Mas o próprio acto de escrita, o facto de se enunciar a pergunta, desmente essa dúvida. Assim, dúvida e certeza sobre o poder da palavra são gestos vizinhos.
Nessa interrogação falava-se também de como a palavra pode ser, ao mesmo tempo, instrumento de coerção e de liberdade. Poucos anos antes, Adrienne Rich (grande poeta contemporânea estadounidense), num belíssimo poema de 1968, intitulado "Queimar papéis em vez de crianças", escrevia: "a sabedoria do opressor /esta é a linguagem do opressor // e todavia preciso dela para falar contigo". Ciente embora de que "uma língua é" [também] "um mapa dos nossos erros", ela insistia a força da palavra. Como elo de comunicação, simultaneamente forte e frágil .
É muito bom sentir que sentimos esse elo -- todos e todas aqui. Obrigada pelo blogue, pelo empenho. Por vós.
ana luísa
4 comentários:
Para mim, foi também uma descoberta boa, um prazer.
Não posso dizer que fiquei surpreendida porque tenho comigo, umas quantas máximas de pacotilha, sem qualquer rigor científico ou suporte de significância estatística.
Á cabeça vêm estas:
As pessoas com sentido de humor são mais felizes, as que gostam de poesia são mais aprazíveis.
Ouvi, vi e aprendi.
E já agora, com “licença poética”, gostei muito de a conhecer Ana Luísa.
Qualquer coisa de intermédio
Eu não sou um nem outro:
Sou qualquer coisa de intermédio
M. de Sá-Carneiro
Se eu fosse o outro,
o do chapéu macio e do bigode
eternizado em cúbico arremedo,
angústia dividida em tantas partes
e óculos redondos,
podia-te contar eu guardador e sonhos
Se eu fosse o outro,
o delicado e bêbedo génio de nós todos,
o que amou estranho e sabia dizer
coisas enormes numa pequena língua
e fraco império,
se eu fosse aquele inteiro
ditado de exageros e exclusões,
falava-te de tudo em ingleses versos
E mesmo se não foi ele quem disse
( e podia até ser, que eram amigos
e o século a nascer arrepiava como já não
o fim) há razão nessa história do pilar
e do tédio a escorrer de um
para o outro
Ana Luísa Amaral
Minha Senhora de Quê
A primeira sessão criou um debate com muita dinâmica, gerou um fluxo de ideias interessantes e estimulou a imaginação - Gostei muito de conhecer a Ana Luisa e todos os outros: Nas próximas sessões vamos criar um monstro poético que vai tomar conta da reitoria - Até quarta!
Gostei da aula, gostei dos outros, gostei de si...
Pó de mil estrelas
Ouro de céu de Deuses
Estende teu manto que aconchega o Sábio saber de astral divino ao
Intimo sentir de todos nós, nest'
Arte de reflectir e ser capaz de
Adorar o dia quando
Nasce,fruto de véspera,laranja que Amanhece e
Leva
Um calor de brasa pura que
Inflama, invade, queima, ilumina;
Sal da não vida
Alfinete que provoca a fraca sina!
Pequena homenagem, até quarta!
Enviar um comentário